
O cérebro bilíngue
É inegável que a aquisição do segundo idioma traz inúmeras vantagens para aqueles que estudam inglês, por exemplo. O que antes era, definitivamente, uma vantagem competitiva, hoje é pré-requisito. A exposição à segunda língua vem ocorrendo cada vez mais cedo e a procura por programas bilíngues vem aumentando vertiginosamente.
Com igual velocidade, vários questionamentos sobre a melhor idade para começar a estudar uma nova língua começam a emergir.
Questões sobre o impacto do biletramento no cérebro de uma criança e os efeitos dessa “sobrecarga” no processo de aprendizagem (inclusive em outras disciplinas) são alguns exemplos da preocupação dos pais com essa crescente demanda.
Contudo, estudos mostram o contrário.
Se aprender inglês já é vantajoso em qualquer que seja o contexto, ter contato com o idioma desde a primeira infância pode trazer aos alunos inúmeras contribuições, que vão muito além do ganho cognitivo. Aprender um outro idioma desde cedo pode contribuir para a saúde mental e bem-estar.
A atividade neurológica em um cérebro bilíngue é potencializada, fazendo com que ele possa exercer funções mais complexas e abrangentes. Um dos maiores responsáveis por essa melhora no desempenho é o sistema executivo (parte do cérebro responsável pelo foco e pela execução de múltiplas tarefas). Através dessa função cerebral o aluno passa a selecionar as informações antes de utilizá-las, filtrando apenas o que é relevante para uso em um momento específico. Outra parte importante do cérebro ativada na aprendizagem bilíngue é a memória de trabalho, encarregada de armazenar, organizar e processar as informações antes de serem utilizadas em uma situação de comunicação.
Nem só de habilidades cognitivas vive o processo de ensino-aprendizagem bilíngue. Além da compreensão e reprodução da língua estrangeira, há ganho significativo em competências e habilidades como a capacidade de resolução de problemas, senso crítico e resiliência, além de aumento da concentração, memória e raciocínio lógico.
Com todas essas “ferramentas” à disposição, o aluno bilíngue utiliza, mesmo que inconscientemente, estratégias (espécie de atalhos mentais) que fazem com que o processo de aprendizagem seja otimizado e os resultados, mais efetivos.
Ser bilíngue é ir além, ser bilíngue é pra já.

Sobre o Autor:
Rodrigo Souto
Consultor de parcerias educacionais no CNA Administração Nacional; professor de inglês, formado em Letras – Língua inglesa, tradução e interpretação pela Universidade Ibero-Americana (UNIBERO).